Resenha: A Verdade sobre o caso Harry Quebert

setembro 05, 2014

Sinopse: Marcus Goldman viu sua vida se transformar radicalmente. Com apenas vinte e oito anos, publicou um livro que se tornou um best-seller e o alçou ao status de celebridade, com direito a um apartamento chique em Manhattan, um carrão, uma namorada estrela de TV e presenças constantes nos tapetes vermelhos, além de um contrato milionário para um novo romance. E então foi acometido pela doença dos escritores: a síndrome da página em branco. A poucos meses do prazo para a entrega do novo original, pressionado por seu editor e por seu agente, Marcus não consegue escrever nem uma linha sequer. Na tentativa de superar seu bloqueio criativo, Marcus recorre a seu amigo e ex-professor Harry Quebert, um dos escritores mais respeitados dos Estados Unidos, que vive numa bela casa à beira-mar na pequenina cidade de Aurora, em New Hampshire. Às voltas com sua dificuldade em escrever, Marcus é surpreendido pela descoberta do corpo de uma jovem de quinze anos, Nola Kellergan — que desaparecera sem deixar rastros em 1975 —, enterrado no jardim de Harry, junto com o original do romance que o consagrou. Harry admite ter tido um caso com a garota e ter escrito o livro para ela, mas alega inocência no caso do assassinato. Com a mídia inteira contra Harry, Marcus se lança numa investigação particular, seguindo uma trilha de pistas através dos livros de seu mentor, dos bosques, das praias e das áreas isoladas de New Hampshire em busca da história secreta dos cidadãos de Aurora e do homem que mais admira. Uma teia de segredos emerge, mas a verdade só virá à tona depois de uma longa e complexa jornada. Para salvar Harry, sua carreira literária e a própria pele, Marcus precisa responder a três perguntas, todas misteriosamente conectadas: quem matou Nola Kellergan? O que aconteceu no verão de 1975? E como escrever um romance verdadeiramente bem-sucedido?
Autor: Joël Dicker
Editora: Intrínseca
Páginas: 576
Data de Publicação: 2014

Escrito por Joël Dicker, A Verdade Sobre O Caso Harry Quebert tem todos os motivos para se tornar um dos melhores livros do ano. Cheio de suspense, investigação, romance e comédia o livro se tornou o ponto médio para fazer o leitor não parar de virar as páginas.


Marcus Goldman, um rapaz com os seus trinta e um anos, que se tornou a mais nova celebridade literária dos EUA, começa sofrer a doença dos escritores: a página em branco. Definitivamente nada sai de sua imaginação. Ele então decide pedir ajuda a Harry Quebert, seu antigo mestre e amigo, o responsável por torna-lo o verdadeiro formidável. Sem pensar duas vezes, Harry o convida para uma nova temporada na sua casa Goose Cove, em Aurora, fora das confusões de Nova Iorque e Marcus aceita.


– O primeiro capítulo, Marcus, é essencial. Se os leitores não gostarem dele, não vão ler o resto do livro. Como pretende começar o seu?
–Não sei, Harry. Acha que um dia vou conseguir fazer isso?
– Isso o quê?
– Escrever um livro.
– Tenho certeza que sim.

O tempo passa e Marcus começa a ser incomodado pelo seu editor oportunista Roy Barnaski. O prazo que lhe dera de seis meses estava acabando e o medo de ser processado por não cumprir o contrato só aumentava. Harry tenta repassar de todas as maneiras os passos que fizeram ele aprender a escrever o primeiro livro, mas nada adianta. Aurora não ajudava mais na sua concentração e para acabar de piorar sua mãe ficava a todo o momento ligando para torrar a sua paciência alertando que ele já estava na hora de se casar. 

Sem ter o que fazer Marcus decide dar uma olhada na biblioteca da casa de Harry, na procura de algo que lhe desse algum milagre literário, como por exemplo, o manuscrito do livro As origens do mal que deu a Harry o status de melhor escritor da metade do século XX, e tornasse aquela página branca em uma folha preenchida. Vasculhando, ele encontra uma caixa com várias fotografias e em uma delas a foto de Harry abraçado a uma garota de cabelos louros datando o verão de 1975. Harry no súbito momento pega Marcus olhando para foto e a toma dele. Seu nome era Nola, sua querida Nola.

Nola Kellergan tinha quinze anos e era vista como exemplo para as demais garotas de sua idade. Morava em um bairro simples de Aurora e isso apenas enriquecia seus adjetivos. A tal garota sumiu no verão de 1975 e até então ele esperava por ela. 


— Harry… Estou apaixonada por você. Desde aquele dia chuvoso, quando o vi na praia, fiquei perdidamente apaixonada. Quero ficar com você até o fim da minha vida!

— Pare, Nola. Não diga isso.

— Por quê? É verdade! Não aguento passar nem um dia sequer longe de você! Sempre que o vejo, tenho a impressão de que minha vida fica mais bonita!

Decidido a desistir e terminar falido por não cumprir o prazo para o livro, Marcus volta para casa e quando tudo parece estar nas vias de fato ele recebe uma ligação dessa vez de Douglas, seu agente, pedindo que ligue a televisão. Na notícia: haviam encontrado restos humanos no quintal do autor Harry Quebert, quando por convicção o seu advogado confirma os fatos de que os restos humanos poderiam ser na verdade os ossos de Nola Kellergan e junto deles agarrados aos ossos o original do livro As origens do mal. Marcus na hora volta para Aurora e o pior, durante o seu tempo de viagem Harry confessa que o livro teria sido escrito para Nola.

O país vira do avesso e a cidade que era tão pacata dias atrás começa receber a visita de jornalistas e bisbilhoteiros a fim de descobrir tudo sobre o caso Harry Quebert.

E em uma desenfreada busca pela verdade Marcus decide por conta própria investigar o caso do desaparecimento de Nola para livrar o seu amigo de todas as mentiras, ou a maioria delas. Harry a amava e ele tinha a certeza disso, não seria ele quem tinha matado a garota.

Voltando as investigações aos passos de trinta anos atrás Marcus começa a ser ameaçado por bilhetes anônimos e ao invés de desistir de sua busca pela verdade ele resolve aprofundar o caso. Nomes até então desconhecidos surgem de maneira brusca e a estória sobre quem era Nola se complica, Marcus fica a frente da polícia e descobre que Nola não era tão ingenua como parecia. 


– Quando estiver chegando ao fim do livro, Marcus, ofereça ao leitor uma reviravolta de última hora.
– Por quê?
– Por quê? Ora, porque é sempre bom deixar o leitor sem fôlego até o desfecho. É como no jogo de cartas: devemos sempre guardar alguns trunfos para o final.

O livro tem a medida certa em todos os gêneros. Os romances não são exagerados, a investigação é algo que faz o leitor querer descobrir e juntar as peças, a maneira como as histórias das personagens se entrelaçam, os mistérios que aumentam conforme a verdade fica mais perto e há explicações pra tudo.  Nenhum ato durante o livro deixa de ser explicado pode demorar, mas sempre terá. É com certeza uma complexa jornada.

– Um bom livro, Marcus, não se mede somente pelas últimas palavras, e sim pelo efeito coletivo de todas as palavras que as precederam. [...] o leitor deve se sentir invadido por uma sensação avassaladora. [...] Um bom livro, Marcus, é um livro que lamentamos ter terminado.


Joël Dicker dividiu o livro em trinta e um capítulos decrescentes narrados de acordo com a situação (as vezes em 3ª pessoa, as vezes em 1ª pessoa) que se configuram em 31 dicas que mostra na visão de Harry como Marcus pode se tornar um bom escritor assemelhando a vida de um escritor ao boxe. Isso de uma maneira mais simples acaba passando que assim como é o boxe, a construção de um livro precisa seguir as mesmas lições de aprendizado. Eu me lamento por tê-lo terminado.

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